Meus amigos. Pela primeira vez, neste blog, vou relatar um fato verídico que aconteceu quando trabalhava no Cemitério São Luis.
Foi em 1994. Fui contratado para trabalhar na administração do cemitério. Lá conheci duas pessoas interessantes: Seu José Fernandes, 60 anos, auxiliar, e Jesus da Silva, este deveria ter uns 80. Seu Jesus era o responsável pela anotação dos dados do Óbito nos enormes livros pretos.
Jesus da Silva funcionava até uma da tarde. Depois ele encostava-se à barraca da Dona Zilda e tomava conhaque até fechar o expediente.
Seu Jesus ficava bêbado todo dia, mas era gente finíssima.
Muitas vezes, passávamos o dia contando piadas e todos caiam na risada.
Muitos de vocês vão dizer: Que foda. No cemitério. As pessoas chorando e esses caras rindo.
Ora leitor. Imagina você todos os dias recebendo 30 óbitos, de todas as idades e trabalhando triste...Isso não existe. Aquilo passou a ser uma coisa normal.
Pois bem. Um belo dia, de tarde, seu Jesus já bêbado. Ficava resmungando sobre os livros. Na verdade rosnando sobre os livros. E todo mundo tirando um sarro da cara do velho.
Eis que entra uma senhora aos prantos, gritando:
- Meu filho, meu filho tá morto...
Ficamos paralisados.
Ela entrega o óbito para ser carimbado e pergunta para o seu José Fernandes:
- Como pode, vocês rindo desse jeito e a gente desesperada.
Seu José na maior frieza pega o Óbito, autoriza o sepultamento e antes de passar para Seu Jesus que estendia o braço para pegar o documento e registrá-lo no livro preto responde a mulher:
- Fique tranqüila, senhora, “seu filho agora está na mão de Jesus”.
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