Aula de física

Muitas vezes me pergunto: “porque escolhi comunicação e não física, matemática ou química” (mas esta última era a irmã que queria). Você acha que nunca mais vai precisar saber da velocidade constante, distância percorrida, atrito, massa... E é bem verdade, que nunca precisamos saber disso, exceto quando algo acontece e você se depara com o problema.
Lembro-me uma vez, a professora de física, esqueci o nome, só sei que era japonesa (reparem que a maioria das professoras de química e física são japonesas, talvez por isso, minha irmã não cursou química), pediu-me pra ir à lousa e resolver um problema. Resultado: zero. È verdade, eu só tirava zero em química e em física, passava porque aos 42 do segundo tempo, trocava de prova, colava ou estudava três dias seguidos só pra recuperar a nota.
Portanto, quando me pergunto por que escolhi comunicação é porque nas aulas de física eu estava na quadra de futsal, onde jogava um amigo chamado “Daniel”, que me deixava na cara do gol e eu sempre estufava as redes. Eu devo ter marcado mais gols, no ano de 92, do que o Pelé em toda a sua história.
Recentemente reencontrei Daniel, e pra comemorar a volta da nossa amizade, nada melhor do que uma partida de fut. Ele continua jogando bem, eu, depois de anos de cerveja, acumulei, barriga, colesterol... Mas inacreditavelmente, Daniel me deixou novamente na cara do gol e foi um, dois, três... Saí dali realizado. Como todo bom corintiano, marcar gols é a nossa sina.
Voltei pra casa feliz, mas ao entrar na Marginal Pinheiros, notei que era muito tarde e comecei a correr um pouco, 90, 100, 110...
Logo adiante percebi que um cachorro vinha atravessando a pista calmamente. Lembrei da aula de física, pensei “esta minha velocidade vai colidir com o cãozinho, tenho que acelerar mais, assim eu passo e ele passa depois”. 110, 120, 150. Pra minha desilusão o cachorro também tinha faltado nas aulas, e quando estava bem próximo ele também acelerou.
Não houve tempo nem pra física e nem pra veterinária.