Rosa estava desesperada. Seu casamento estava chegando ao fim e não sabia o por quê. Foi aconselhada pela vizinha a procurar Dona Inê, isso mesmo, sem o “s” no final, para fazer uns trabalhinhos de amor.
Para chegar ao terreiro de Dona Inê não foi fácil. Rosa, com seus 34 anos e 100 kilos, cheia de varizes na perna à mostras dando um tom azulado, pegou o "Praça da Sé", fez baldiação no terminal João Dias, Zona Sul e enfrentou o buzão lotado e o trânsito corriqueiro de São Paulo. Chegou na Sé e pegou o Metrô sentido Zona Leste e desceu na Estação Itaquera. Dali pegou uma lotação para o Jardim das Oliveiras e desceu na porta do terreiro.
Ao entrar, Dona Inê recebeu Rosa com um sorriso fraterno. "Menina, como você é bonitona, a Rita, sua vizinha já me adiantou o problema". Rosa sorriu e agradeceu, como a roupa encharcada de suor.
Pois bem, no terreiro Dona Inê acende vela, fuma charuto e fala com uma estatua de São Jorge. Defuma a casa e passa a fumaça ao entorno de Rosa. "Filha, alguém tá de olho no seu marido e tão fazendo um trabalho pra tirá-lo de você".
Uma hora depois, ela apresenta a fatura de 200 reais e diz que pra acabar com o feitiço da "outra", ela precisaria comprar uma dúzia de velas vermelhas e pretas, champagne e cigarros super-extra-fino. Tudo para a "Maria", a pomba-gira, e as oferendas deveriam ser depositadas numa encruzilhada. Além disso, Rosa deveria comprar 1kg de carne, cortada em bife, passar a carne na vagina e fritá-la, para o marido comer. Isso resolveria a crise, desmancharia a mandinga e tornaria o casamento sólido, além de fazer o marido comer na mão de Rosa.
Rosa fez tudo direito, levou as oferendas à uma encruzilhada, atrás da Biblioteca Paulo Eiró, em Santo Amaro numa sexta-feira a noite. No sábado de manhã, foi ao açougue do seu Chiro e comprou 1kg de patinho. Levou para casa, foi no banheiro e passou pela vagina, teve até uma sensação boa, um arrepio que há muito tempo não sentia. Depois, foi direto para a cozinha preparar o almoço. Seu marido comeu e depois foi caminhar pelo bairro.
O marido de Rosa nunca mais voltou. Dizem que ele conheceu uma moça e decidiu ir morar com ela na belíssima e aconchegante cidade de Mauá.
Um comentário:
Tá certo que essa é meio nojenta, Vandré, pelamordedeus onde foi encontrar essa mandinga? O bife deve ter ficado tão ruim que o cara tomou sua decisão na vida! Concluo com a já conhecida " seria trágico, se não fosse cômico". Bom feriado!
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