30 anos de "O Mistério do Cinco Estrelas"

Em 1981, estava no quarto jogando futebol de botão quando minha tia bateu na porta.
- Olha o que eu trouxe para você.
Olhei e me animei, achei que fosse uma enorme barra de chocolate embrulhada num papel de presente. Ao abrir, tive uma imensa decepção. Era o livro "O Mistério do Cinco Estrelas", de Marcos Rey. Tinha 9 anos e nunca tinha lido um livro. Aliás, achava que presente era brinquedo e roupa. Quanto aos livros, achava coisa do outro planeta. É compreensivo, um garoto de classe baixa, numa escola pública da periferia, já tinha eleito a televisão como passatempo "intelectual" para toda a vida.
Quando minha tia saiu, a primeira coisa que fiz foi jogar o livro encima do guarda roupa.
Passaram 10 anos do episódio, só em 1991, eu iria tomar gosto pela leitura.
Não sei exatamente quando tirei "O Mistério do Cinco Estrelas" do guarda roupa. Mas lembro da poeira ao folhear.
Marcos Rey me conduziu ao infanto-policial com seus personagens Léo, Ângela, Gino e, claro, a principal personagem, a cidade de São Paulo, mais especificamente o da bairro Bela Vista, que eu viria conhecer bem já adulto.
De lá para cá, li quase tudo do Marcos Rey, infantil, infanto-juvenil, adulto, inclusive suas biografias, e os seus roteiros filmados na época da pornochanchada.

Fazem 30 anos do "Mistério" que vendeu mais de 3 milhões de exemplares.
Mesmo assim, hoje, para um garoto de classe baixa, de escola da periferia, o livro é algo de outro mundo e pode ser que ele nunca venha a ler nada e a literatura seja para ele um mistério de cinco estrelas.

PS: Dos 15 amigos de infância que cresceram comigo, apenas 3 leram um livro, os demais elegeram a TV como passatempo "intelectual".

Para conhecer mais sobre Marcos Rey