10.7.19

Divino Amor fala do futuro ou do presente?







O filme Divino Amor, de Gabriel Mascaro, trata de um futuro em que o Brasil se transformou num país evangelizado. Não é mais o Carnaval, a grande festa, mas uma rave em louvor ao Senhor. Uma alegoria recheada de neon, canções evangélicas, personagens inocentes e conformados, onde quem ganha sempre perde.
Uma crítica ácida que reflete a sociedade nos dias atuais.
Nessa religião evangélica futurista é liberado transar com quem quiser. Porque aos olhos de Deus dividir é um ato de amor divino, só é proibido ejacular dentro de uma mulher que não seja a esposa. Ou seja, sexo grupal pode. Desde que na hora H goze com o parceiro sacramentado sob a benção divina.
Uma loucura, não?
Em certa medida, há uma influência de Pasolini no longa. Ele faz a crítica ao Estado, à religião, às pessoas com suas redomas, como um sistema autoritário, mas que num fundo há uma hipocrisia e o sexo é a única coisa verdadeira e libertadora.
O conflito principal é que Joana (Dira Paes) tenta ficar grávida e não consegue, surgindo questionamentos na sua crença em Deus.
Além da fé e a pressão pela maternidade, os questionamentos sobre o aborto perpassam entre linhas.
A direção de arte e a fotografia estão impecáveis. 
Mascaro segue firme na direção de desmascarar os nossos conflitos internos. 
O ponto que incomoda é a narração em off de uma criança para explicar fatos. Tudo que se torna didático perde o brilhantismo.
Não é o melhor de Mascaro, Boi Neon é absurdamente genial, mas acrescenta na filmografia do diretor mais um filme contundente. 
Aliás, é bom avisar aos desavisados, não é um filme evangélico.




Um comentário:

Altura da marilia mendonça disse...

Acabei de ler seu post e achei interessante comentar, belo post.
Altura da Marilia Mendonça