25.11.11

Um conto argentino

Não é de hoje que a Argentina nos presenteia com grandes filmes. Para mim, desde que assisti "Nove Rainhas", de Fabián Bielinsky, em 2001, tento vê-los. E assim foi com Plata Queimada, Herencia, Elsa e Fred, O Filho da Noiva, O Segredo dos Seus Olhos, Kamchatka, Abutres, Família Rodante, O Que Você Faria, Abraço Partido, Clube da Lua... Ufa! "se eu for falar do cinema argentino, hoje não terminar".
Um Conto Chinês, de Sebastián Borenstein, não fica fora da boa lista de filmes argentinos.
Ricardo Darín, o maior ator da atualidade na Argentina, e porque não dizer também da América Latina, faz o solitário e metódico Roberto, dono de uma loja de material de construção, que tem como lazer colecionar histórias absurdas que saem nos jornais de língua espanhola. Um dia ele encontra sua própria história absurda, um chinês que fugiu da China para encontrar seu tio avô, logo depois que sua noiva  morreu esmagada por uma vaca que caiu do céu. Um detalhe, Jun não fala uma palavra em espanhol.

Encarando vacas
Se Jun foge para Buenos Aires para não ter contato com sua triste história, Roberto não quer que o seu mundo de ex combatente na Guerra das Malvinas, que perdeu a mãe quando nasceu e o pai no período da guerra, possa ser ocupado por nada, nem pela bela Mari que faz juras de amor para o "eremita", nem por um chinês. Porém, tanto Roberto como Jun terão que encarar seus medos e angústias, aqui representados pela vaca, para seguirem a vida ou, simplesmente, se comunicarem com as pessoas.

Da Argentina para o mundo
Orçado em 1,2 milhões de dólares, Um Conto Chinês levou aos cinemas argentinos quase 1 milhão de espectadores, o que é bastante para a cidade portenha, e se tornou a melhor bilheteria do ano. Em se tratando de produção cinematográfica, não se deve comparar um país com outro, mas se a gente for pensar que Um Conto custou 2,3 milhões de reais e o último filme de Carvana "Não se preocupe, nada vai dar certo", custou 6,2 milhões de reais, deveriamos ficar preocupados sim. E porque o filme de Carvana e não de outro, porque "Não se preocupe..." é uma comédia, uma pena que é fraca, mas que tem algo a dizer, como os filmes argentinos, bem diferente das balelas feitas pela alta cúpula da Globo Filmes, que tem abocanhado 2, 3 milhões de espectadores em cada filme com elevadíssimos custos de produção. Mas isso já é uma outra história.
Voltando para Um Conto, ele recebeu o prêmio de melhor filme na 6ª edição do Festival Internacional de Cinema de Roma e é bom correr para vê-lo, há pouquíssimas salas disponíveis para o excelente Um Conto Chinês.



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