Diretor que refuta estigma de maldito ganha retrospectiva
TRAJANO PONTES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Uma ova! Nosso cinema não era maldito. Hoje é bendito, todos estão querendo ver! Fomos discriminados pela ditadura, pela imprensa e pelo Cinema Novo, que nada mais é que uma cópia malfeita do neorrealismo italiano."
No início da década de 1970, os alegóricos "Os Monstros de Babaloo", que o diretor dedica a Oswald de Andrade --"meu professor de literatura"--, e "Lobisomem: O Terror da Meia-Noite" enfrentaram censura política e cultural, diz o diretor.
Ambos estão na mostra "Elyseu Visconti Cavalleiro - A Cor do Olhar", aberta ontem no CineSesc. O evento, resultado da pesquisa de Anna Lucia Marcondes e com curadoria de Paulo Klein, homenageia o diretor, roteirista, artista plástico e pesquisador da cultura brasileira.
Editoria de Arte/Editoria de Arte | ||
Além dos longas de ficção, também serão projetados, de 4 a 7 de fevereiro, curtas e médias documentais que retratam manifestações culturais populares.
"Gilberto Freyre e Câmara Cascudo ajudaram-me a realizar documentários de etimologia e antropologia", diz Cavalleiro, mencionando os mentores com quem teve contato quando decidiu embrenhar-se pelo interior do país.
Dessa fase, ele destaca "Folia do Divino", "Feira de Campina Grande", "Ticumbi" e "Boi Calemba".
Nesta quarta-feira (23), a partir das 19h30, ele participa de debate com Júlio Bressane e outros convidados. Tal como o companheiro de mesa, Cavalleiro costuma ser associado ao Cinema Marginal, mas ele refuta a relação. "São termos depreciativos inventados pelo grupo do Cinema Novo. O horror, o horror!"
O carioca prefere o termo cinema de invenção, método que espera aplicar ao roteiro em que trabalha atualmente.
"'Glória, Pátria, Cruzeiro do Sul' repassa a história do país a partir do golpe de 1964. Mistura documentário e ficção, com um lado mais caricatural. Um filme carnavalesco", diz, entre críticas a todos os mandatários do país
Nenhum comentário:
Postar um comentário