Todo carnaval era a mesma coisa. Washington ficava irritado ao entrar na Avenida. Ele xingava quem não cantava o samba da escola, gritava com quem não desfilasse direito, às vezes, saia no soco e no ponta-pé com membros da harmonia ou com qualquer um que, segundo ele, pudesse prejudicar o “Nosso glorioso Império do Tiête”, dizia.
Mas no último carnaval, Washington foi sair num carro alegórico.
No alto do carro dava pra ler os lábios do passista. Não parava de gesticular. “Oh! rapaz, tá louco, ò buraco na avenida”. Olhava para o outro lado e dizia. “Aê, canta, porra, canta o samba, senão...” Ficava muito irritado com a ala de turista. “Porra, quando eu descer daqui, eu mato esse gringo. Quer fuder a minha escola!”.
De repende, Washington despencou do carro alegórico afetando a estrutura dianteira. O samba continuava, mas a escola... Entraram os bombeiros, os amigos e Washington nas ferragens. Foram minutos a finco. E a Império do Tiête terminou o desfile com 40 minutos de atraso.
No dia seguinte, na apuração, foi o que todo mundo esperava. O Império desceu para o segundo grupo.
O Washington não pode acompanhar nem pela televisão, porque no cemitério do Araçá não pegava a Globo.
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