Djalma sempre teve medo da morte.
Quando criança, nunca dormiu no escuro. Sempre que alguém apagava a luz ele acordava desesperado.
Viveu a adolescência no bairro. Tinha medo de viajar e morrer na estrada. Uma vez, com muito custo, seus pais o convenceram a ir pra praia. Ele foi. Mas não entrou no mar, com medo de se afogar.
Quando atingiu seus 16 anos, resolveu entrar para a Igreja. Trabalhava dia e noite. Nada de bailes e festas, sempre achava que iria morrer de tiro, assalto, roubo...
Passou a vida se policiando. Era dor no peito, um caroço, rim, fígado, mesmo sem botar uma gota de álcool na boca.
Aos 39 anos, Djalma sentiu que iria morrer, olhou no espelho e viu seus olhos roxos, lavou e pensou “meu Deus, estou tendo um infarto”. Correu em direção a janela e pulou do 9º andar.
A quem diga que ele chegou a falar agonizando:
— Eu não tenho medo não.
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