27.11.10
O Freguês
Há, mais ou menos, uns 20 anos atrás, aconteceu um fato curiosíssimo. Marcos Paulo, meu amigo, começou a trabalhar como officeboy. Ele tinha uns 16 anos e nunca tinha ido ao centro de São Paulo. Num belo dia a empresa pediu-lhe para ir ao Largo São Francisco entregar um documento num escritório de advocacia. A secretária deu-lhe os passes de ônibus e as coordenadas de como chegar ao local. Marcos Paulo desceu na Praça das Bandeiras e caminhou sentido o Largo pela rua do Ouvidor. Tudo bem, não estranhou nada, chegou ao escritório entregou o documento e retornou pelo mesmo lugar. Descendo a rua do Ouvidor ele escuta um homem, encostado num buteco, chamá-lo:
-Ei, menino!
Marcos olha e pergunta:
-Quem, eu?
O homem vai se aproximado: - É!
-Sim, posso te ajudar?, responde Marcos Paulo.
O Homem diz:
-Passa o relógio, a carteira, o tênis... rapido, senão eu te furo.
Marcos foi passado rapidamente sem saber se o homem tinha alguma coisa na mão.
Descalço, Marcos pede pro homem deixar um passe e o chinelo que o ladrão usava, para ele não pegar o ônibus descalço.
O Homem, gentilmente, cede o chororô.
-Sai andando e não olha pra trás. Disse o homem e Marcos foi embora.
Três dias depois, Marcos teve que voltar ao local. Com medo subiu a rua do Ouvidor olhando para todos os lados. Na volta, sem ninguém na rua ele escuta uma voz saindo do buteco.
- Ei, menino, cê tem alguma coisa pra mim hoje?
Marcos Paulo saiu em desabalada carreira e desistiu de ser officeboy.
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