8.5.11

Amadas e violentadas - um bom filme de nome estranho

Em 1976 chegava aos cinemas "Amadas e Violentadas", produzido por David Cardoso e dirigido por Jean Garrett.
O título é forte para os dias de hoje. Na Era do políticamente correto, é capaz que algum "iluminado" venha sugerir a mudança do título para "O escritor assassino", "Inspiração para um Crime", ou, simplestemente, "Leandro, o escritor da morte" tentando apagar o passado do cinema e do País, como tentam fazer com a literatura.
Há 35 anos, este filme levou mais de 1 milhão de pessoas aos cinemas.
Mesmo sendo tempos de pornochanchada, e o cartaz tenta vender essa imagem do erotismo, este filme tem pouco elementos do nu, na verdade ele navega no drama policial com pitadas de Mojica. E não é para menos, Garret foi formado na Boca do Lixo e foi assitente  de direção em Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), participou como ator no curta Pesadelo Macabro (1968) e em O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968).

Amadas e Violentadas, retrata o drama de Leandro (David Cardoso), escritor de romances policiais bem sucedido, que na infância viu o pai assassinar a mãe e o amante, depois suicidou-se. Este episódio causou-lhe problemas psicológicos e toda vez em que Leandro se via atraído por uma mulher, lembrava do assassinato da mãe, então, ele matava qualquer pretendente servindo-lhe de inspiração para seus romances policiais.
Numa noite quando voltava para casa, depois de cometer mais um crime, ele atropela uma jovem virgem que fugia de um ritual satânico. Ele a leva para a casa e se apaixona, os dois se casam. Na lua de mel, para não assassinar a amada, decide por um fim nos seus problemas e comete o suicídio.

Pode parecer conservador o fato de a única mulher ganhar o coração de Leandro ser uma virgem e, talvez, por isso, não foi assassinada. A virgindade ainda era um tabu para a época e uma moça virgem teria um "bom casamento" e não seria "mal falada" pela sociedade - coisas de um país católico e represado pela ditadura militar.
O filme foi muito bem dirigido por Jean Garret, e Cardoso interpreta magnificamente. Sem dúvida, uma bela parceria entre um excepcional diretor (faleceu em 1996) e de um grande ator brasileiro.

 

Ficha Técnica

Título original: Amadas e Violentadas
Gênero: Policial
Duração: 100 min.
Lançamento (Brasil): 1976
Distribuição: Art Filmes
Direção: Jean Garrett
Argumento: Jean Garrett
Roteiro: Jean Garrett
Produção: David Cardoso
Produtor Associado: Guilherme Melão e Ermínio Morais
Produção executiva: Rubens S. Melo
Co-produção: Dacar Produções Cinematográfica
Gerente de produção: Miro Carvalho
Música: Ronaldo Lark
Fotografia: Reynaldo Paes de Barros
Edição: Walter Wanny

 

Elenco

David Cardoso
Fernanda de Jesus
Márcia Real
Américo Taricano
Silvana Lopes
Luiz Carlos Braga
Norah Fontes
Miro Carvalho
Evelise Olivier
Cavagnole Neto
Aldile Muller
Arlete Moreira
Ezio Ribeiro
Francisco Cúrcio
Carmen Angélica
Sônia Garcia
Genésio Carvalho
Luiz Vargas
Suely Gagliardi
Zelia Diniz
Ubirajara Gama
Wilson Letiere
Luiz Mewes



Um comentário:

Sayd Mansur disse...

Adorei saber o final do filme!