24.11.11

1 minuto de silêncio!

Hoje, 24 de novembro, foi sepultado no Cemitério Santo Antônio, em Osasco, o sambista Toniquinho Batuqueiro.
Toniquinho Batuqueiro, nasceu em Piracicaba e, ainda menino, veio para São Paulo morar no bairro de Campos Elíseos. Orfão de pai e mãe, engraxava sapatos na Capital paulista e foi na Barra Funda que aprendeu o sotaque paulistano, a compor sambas, batucar e dar pernadas nas rodas
Toniquinho integrava a Embaixada do Samba, lugar de grandes bambas paulistas.
Este ano, em agosto, na quadra da Peruche, o Partido Comunista do Brasil homenageou o bamba pelos anos em defesa da cultura popular e do samba paulista. Ele compareceu e mesmo muito debilitado recebeu a placa de homenagem com toda sua humildade e a grandeza de um mestre.
Não é clichê citar a frase da música de Geraldo Filme: – Eu peço silêncio de um minuto, o sambista está de luto....



Na década de 70, seu amigo Plinio Marcos escreveu no jornal "Folha de São Paulo" uma crônica
sobre Toniquinho:

"(.) O B. Lobo, por razões dele, resolveu emigrar pra São Paulo. E veio com tudo que tinha. Um terno e sapato marrom e branco. Segundo ele mesmo, foi o primeiro crioulo a usar sapato fantasia aqui em São Paulo. Se destacou logo que desembarcou, por essa bossa. Foi andando pela rua e não demorou pra polícia se apresentar:
- Documento, negão.
Ele não se fez de rogado. Alfaiate de profissão, não era nenhum vadio. Mas, mesmo assim, os homens estranharam ele e deram um alô:
- Com esse sapato todo afrescalhado, tu não vai ter boa vida por aqui.
B. Lobo não queria complicação. O primeiro engraxate que viu era um negrinho cheio de truques. B. Lobo deu as ordens:
- Tinge esse pisante de preto e com capricho.
O engraxate obedeceu e, enquanto trabalhava, batucava um samba na caixa. O B. Lobo se impressionou:
- De quem é esse samba, moleque?
Meio encabulado, o negrinho deu a autoria:
- É meu.
- Teu mesmo?
- É.
- Como é teu nome?
- Toniquinho.
E era o Toniquinho mesmo o engraxate. Toniquinho Batuqueiro, nascido e criado no Pau Queimado, sobrinho do Zé Almofadão, genial curuzeiro, e neto do Velho Silvério, maior tocador de tambu de todo o Brasil, além de ser um famoso macumbeiro. B. Lobo conheceu o Toniquinho e se sentiu em casa. São Paulo tinha samba. Samba da pesada. Então, ele se instalou e nunca mais foi embora."

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