Muitos amigos dizem que Selton Melo é um ator que interpreta ele mesmo. Segundo eles, Jean Charles é igual ao João Estrela, que é igual o ganancioso Lourenço do "Cheiro do ralo", que é igual ao Leléu de "Lisbela e o prisioneiro" que é igual ao Chicó, do "Alto da Compadecida", que é igual Selton Melo.
Polêmicas a parte, e discordando deles, na direção Selton Melo não deixa dúvida de sua versatilidade e nos mostra um repertório cultural digno e de imensas possibilidades.
Sua estréia com "Natal", um drama viceral e muitas vezes indigesto, nos mostra a contradição da alegria da família em se reunir no Natal e as tristezas de vidas amarguradas que vão aflorando na trama. E Selton Melo incomoda.
Já em "O Palhaço", o humor sutil e muitas vezes lúdico aparece com competência, nos presenteando com um bom filme brasileiro.
O personagem de Selton Melo é o Benjamin que na trupe se veste de palhaço Pangaré. O Circo vai abrindo um Brasil antigo, passando por cidades onde a relação pessoal é mais forte do que as antenas e os wi-fi das grandes cidades. Benjamin/Pangaré vive um conflito de administrar as demandas que surgem no circo e a vontade de deixar de ser palhaço e fazer outra coisa.
Um ponto importante são suas alucinações com ventiladores. A minha impressão é que Benjamin está fervendo a ponto de explodir e o vento do ventilador poderia lhe dar a liberdade.
Quando Benjamin decide abandonar tudo, seu pai, dono do Circo e palhaço também, interpretado por Paulo José, diz: — o gato bebe leite, o rato come queijo, e eu sou palhaço. Isso é um conformismo ingênio, pois falando filosoficamente ninguém é, apenas está, mas não tira o brilhantismo do filme.
Vale a pena assitir.
Brasil , 2011 - 88 minutos
Comédia
Direção:
Selton Mello
Roteiro:
Selton Mello, Marcelo Vindicato
Elenco:
Selton Mello, Paulo José, Larissa Manoela, Giselle Motta, Teuda Bara, Moacyr Franco, Tony Tonelada, Tonico Pereira, Danton Mello, Ferrugem
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