20.1.13

Cenas do cotidiano

Graças aos smartphones e às redes sociais, almoçar sozinho já não é tão chato. Porém, perdemos aquela curiosidade de saber o que acontece ao redor do restaurante, como a briga do casal de namorados, os rapazes de terno e gravata que miram nas duas moças do outro lado do salão, e se aquela gata, que passou com folhas verdes e um pedaço de queijo branco, vai resistir ao suculento pudim de leite.
Ontem decidi fingir que o meu celular era mais importante juntamente com a costela no bafo e mirei os auditivos para um executivo (cliente) e uma jovem senhora (vendedora)...
Ela com os seus 45 anos, vestida toda de azul, o que ressaltava seus cabelos cor de caju, tinha muita experiência. Ele um empresário um pouco mais jovem que ela, vestido à caráter de quem usa meias pretas. Ela exuberante, ele comum.
Ela: Pode ter certeza que o nosso produto é inovador e totalmente reciclado, pois a nossa empresa presa muito pelo respeito ao meio ambiente.
Ele corta o medalhão e engole: Tenho certeza! Queremos muito fazer negócios.
Esse papo rolou uns 7 minutos. Percebi que toda aquela conversa fria iria receber um barbecure picante...
Ele: Olha, me desculpe te trazer nesse restaurante, mas achei que era melhor para os dois. Fica entre os nossos caminhos.
Ela sorri: Ora, imagina, achei ótimo. Eu trabalho perto daqui, mas moro longe.
Pronto, o clima frio foi quebrado.
Ele: onde você mora?
Ela: moro em Alfaville!
Ele se espanta: há, eu também, se eu soubesse teria marcado por lá, perto de casa e não perto do trabalho.
Ela: Eu e meu marido adoramos comer no Outback de lá!
Ele: nossa, eu também, minhas filhas adoram e o Outback de lá é vazio.
Ela: você tem filhos?
Ele: 3
Nesse clima de conhecimento da área, os dois se estudam, mas na certa ela pensa: Será que ele quer me comer. O empresário pede o cafezinho e pensa: será que ela me dá?
Entre o negócio, a quebra do clima com as palavras os gestos passam a ser importantes.
Ela: tá um pouco quente né, esse final de ano.... Uma frase meio vaga, mas é a deixa para ela erguer um pouco os braços e utilizar as mãos para fazer um rabo de cavalo.
Ele: Tá mesmo quente, não vejo a hora de ir para a praia! Ele observa o pescoço da vendedora e fica excitado, estufando o tórax.
Ela: que praia você vai?
Ele: Camburiu.
A conta chega e ela fisga o olhar do empresário.
Ele: eu pago! Ela com o cartão na mão.
Ela: De jeito nenhum, vamos dividir.
Ele: Não, hoje eu pago. Teremos outros encontros pra fechar negócio, não é mesmo?
Ela: há! Obrigada! A próxima eu pago então.
Os dois se levantam, o perfume da mulher exala sobre o buffet. Ele passa o braço pelas costas dela e cumprimenta o garçom. Na porta, ele diz algo mais próximo do ouvido dela e ela sorri levemente e desaparecem da cena.
Eu retorno aos twitters da vida e...
Eu: garçon, me vê a continha!


Nenhum comentário: