22.1.13

Seja cinema, seja marginal

Lançamento. Coleção edita em DVD filmes perdidos de nomes que marcaram a produção audiovisual brasileira nos anos 1970


Velha conhecida dos aficionados do cinema autoral e independente, a distribuidora maranhense Lume Filmes vem prospectando e editando em DVD títulos pouco vistos mas essenciais do cinema nacional autoral.

Os lançamentos mais recentes de sua coleção Cinema Marginal Brasileiro dão conta de trabalhos de Ozualdo Candeias (1922-2007) e Sérgio Bernardes Filho (1944-2007), dois importantes expoentes dessa corrente que buscava fazer filmes baratos e transgressores mesmo à margem do sistema de distribuição comercial e da ditadura nos anos 1970.

“Nossa curadoria visa distribuir os filmes mais marginais dentro do próprio movimento do cinema marginal. Quanto mais raro, censurado e de difícil acesso for a obra, mais nos interessa divulgá-la”, explica Fernando Ramos, produtor da Lume Filmes.

Cada disco traz um mix de obras do cineasta escolhido, entre longas, curtas e médias, além de extras e de textos produzidos por críticos analisando o movimento artístico. “A ideia é traçar uma boa amostragem do trabalho de um deles”, aponta Ramos. Os lançamentos são os volumes 7 e 8 da coleção, que apresentará mais de 40 filmes restaurados pela Cinemateca Brasileira em 12 DVDs.

O produtor explica a dificuldade de encontrar cópias e conseguir autorização para veicular títulos tão raros. “Foi e tem sido um trabalho árduo de pesquisa e negociação com herdeiros ou produtores”, diz.

“Por causa da censura, quase todos esses filmes não galgaram circuito digno no país mesmo fazendo uso de um discurso social camuflado como deboche. Lançá-los é um processo delicado, e talvez já tivéssemos desistido não fosse a consciência sobre a importância de consolidar hoje a influência dessa geração revolucionária”, conclui.
 
* Jornal Metro/SP, por Amanda Queirós


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