É difícil de engolir! Pelo jeito São Paulo vai acabar com mais um de seus símbolos culturais - o cinema "Belas Artes", situado na esquina das avenidas Paulista e Consolação.
Em 2010, já tivemos o desprazer de ver o Gemini (também uma sala referência que ficava na Paulista) fechar as portas. Não vou nem nominar os tantos outros que deixaram de existir para virarem igrejas evangélicas, galpão de lojas e assim por diante. Uma derrota!
Na verdade, essa derrota é de um público que procura filmes diversificados, que mostram costumes e culturas de outras nacionalidades. Está cada dia mais difícil encontrar filmes russos, japoneses, latinos ou mesmo europeus. Dizer do Czaquistão, Turquia ou Bolívia pode parecer grego. O Belas Artes, assim como o Espaço Unibanco e o Cinesesc, ainda nos proporcionam esta variedade.
Com a explosão dos "Cineshopping" a programação ficou padronizada. Neles, apenas filmes oriundos dos EUA ganham acesso às salas, despejando milhões para os exibidores.
Longe de mim o antiamericanismo "fílmico", se é que podemos dizer dessa forma, mas é triste a padronização das salas de cinema. Hoje Harry Porter, Megamente, Crônicas de Nárnia entopem de fitas e esmagam os demais. Em meados da década de 2000 "Piratas do Caribe" e "Harry Porter" abocanharam mais de 80% das salas de cinema em São Paulo.
Em 2010, o governo brasileiro e a Ancine anunciaram milhões para aberturas de salas de cinema em municípios com mais de 100 mil habitantes. Bem louvável. Porém, tudo que é programação cinematrográfica não alinhada aos padrões holliwoodianos se desmancha no ar. Aumentar salas de cinema será importante para que mais brasileiros tenham acesso a 7ª arte, mas é preciso pensar como os filmes do mundo todo poderão ser exibidos e chegar ao público em geral.
É verdade que o Brasil respira. "Tropa de Eleite" e outras produções vão safando o cinema nacional do traço, mas é muito pouco.
Por isso, não deixar o Belas Artes morrer é manter a diversificação dos filmes, é conhecer outras culturas, é viajar para outros paises, é conhecer produções independentes, é ter cinema.
Não deixar o Belas Artes morrer é lutar, mesmo que pareça pouco, por um Brasil mais livre culturalmente.
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